Do Cordel à Fantasia – Sons de Rabeca

Quando acordei certa manhã, estava exausto mentalmente de criar histórias saturadas de fantasia europeia. Estava cansado de embarcar em enredos clássicos e nem um pouco brasileiros. Percebi que neste momento, após conversar com uma pessoa especial em minha vida, era necessário regionalizar tudo aquilo que escrevia. Então, cheguei a conclusão de que bastava este “mundo de fora”.

Sempre encontrei na cultura brasileira algo mágico, porém, não sei por que motivo, não havia explorado nada dentro dele. Assim fui apresentado ao imaginário dos Cordéis e da Literatura Nordestina. Conheci a tão famosa saga de Maria, na minissérie da Rede Globo. Lembrei dos Autos, incluindo o afamado da Compadecida. Apreciei a música daquela gente. Por fim, já era hora de escrever algo sobre.

13099108_962542743864173_1806796077_nSentei a mesa em frente ao notebook e assim nasceu a história de Rabeca. Terminei a narrativa no fim de meu estágio, em uma tarde em que o serviço estava cansativo. Olhei depois de impresso e vi que estava fantástico.

Rabeca me encarou com os aspectos daquela gente, cansada e exausta do trabalho, mas festeira e acalorada nas palavras fortes regionais e de muita espiritualidade. Então li alguns trechos de Morte e Vida Severina, e fui melhorando a qualidade do trabalho. Logo o texto estava pronto e completo, bastava agora publicar.

Então, vi no fim de dezembro a esperança nascer na Editora Aped, que selecionou escritores para a coletânea A Carta que Não Escrevi. Era o matrimônio perfeito!
“Rabeca é uma garota simples e pobre que vive em uma cidade no sertão nordestino próxima do Fim do Mundo. Como forma de sobrevivência ela toca um instrumento que carrega seu nome. Sem pai nem família, sai do sítio e vai morar na cidade e lá vem a conhecer Cosme. O rapaz a mando do pai faz empreitada para a capital, mas tarda a retornar. Rabeca, analfabeta busca alguém para escrever uma carta para o amado, contando da graça que carrega no ventre para qu01e o amado retorne logo. ”

A narrativa extremamente simples me embarcou por um mundo repleto de fantasia peculiar e força grande para montar todo o conto. Simples, com suas nove páginas, traduz um perfeito ambiente para cavaleiros de mulas, demônios, barões ricos e gente simples.

Em função disso, criei o poema em prosa que convida o leitor a conhecer tão fascinante história de amor com desfecho marcante e encantador.

Sons de Rabeca

Ao meu amigo e minha amiga
Que conhece da história antiga,
E da recente também,
Afinal conhecer de história mal não tem.

Pensei que Vossa Senhoria
Pudesse apreciar esta história.
Sobre um mundo distante
Perdido na caatinga escaldante.

Lugar de solo seco e árido
Para lá do fim do mundo.
Convido a ler, amigo querido,
Uma história do solo infecundo.

Onde tudo que se planta
Pesares.
Oh, não adianta!
Não dá, não vive, mas encanta…

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13164237_1159819637384727_1527951796976839710_nO conto pode ser comprado no site da Editora, disponível para todo Brasil. Lembrando que o conto compõe um trabalho em conjunto com outros autores. Um ótimo livro para passar o tempo. A leitura rápida e dinâmica te transporta para locais mais agradáveis e menos tediosos.

Um comentário sobre “Do Cordel à Fantasia – Sons de Rabeca

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